MÊDA UM CONCELHO ATRACTIVO

Dizem os entendidos, que visitar a região, é sina para nunca se deixar de marcar o regresso. Não só a beleza da mãe natureza impulsiona à descoberta das pequenas maravilhas vestidas em tons outonais, primaveris ou estivais, mas igualmente o raro prazer de sentir a história rente ao corpo e ao espírito.

Mêda é um bonito município serrano, com origens que se perdem no tempo, situado na região Centro do País, rodeado de uma natureza de grande beleza, nomeadamente a partir de Fevereiro, quando começam a florir as amendoeiras, proporcionando paisagens fenomenais, conhecida também pela sua produção vinícola. Este pequeno concelho do Interior, geograficamente incluído no distrito da Guarda, na Nut III da Beira Interior Norte. Confina com o Distrito de Viseu, através de Penedono, a Norte confina com Vila Nova de Foz-Côa, Pinhel e Trancoso, localiza-se a cerca de 670 metros de altitude numa área de diversidade de paisagens, entre campos de amendoeiras, pinhais montes de granito e rocha, e muitos cursos de água que têm ajudado a fixar populações desde tempos remotos num magnífico planalto onde a Beira termina e o Douro se anuncia, fronteiro às terras de Riba Côa e de onde se vislumbram as cumeadas da Estrela.

Origens

De facto, existem vestígios da ocupação humana desde épocas bastante remotas, atestando a presença de vários povos na região, com destaque para o período de ocupação Romana que deixou a sua forte influência. Aliás, o nome curioso da sede do concelho deve provir do povo Medobricense, cujo castro estaria situado no morro rochoso que ainda nos dias de hoje se designa por castelo. Pinturas rupestres e outros achados mostram que a região terá sido povoada a partir de finais do Paleolítico, havendo vestígios dolménicos em Aveloso, Longroiva, Prova e Ranhados, sendo o documento pré-histórico mais importante a estátua-menir de Longroiva, confirmando a ancestralidade das Terras de Mêda. Dos povos da época castreja que viveram nas imediações desta vila salientam-se os Aravos, na zona de Marialva, os Longobritas, em Longroiva, e os Meidubrigenses, na Mêda.

Os Romanos foram aqueles que mais exerceram aqui o fenómeno de aculturação. As calçadas, as pontes, as placas tumulares, os marcos milenários, as moedas, as aras votivas, as villae e os vicus e as civitas por eles construídas testemunham bem o seu esforço de nos romanizar, testemunhos da ligação com Roma, especialmente nas épocas dos césares Trajano e Hadriano. Seguiram-se os povos «Bárbaros», os Suevos e Visigodos. Os Árabes, também aqui se fixaram até 1065, data em que Fernando Magno, Rei de Leão e Castela conquistou a região. A atual cidade de Mêda desenvolveu-se com a reconquista cristã do território e o estabelecimento, nos começos do séc. XII, dum ermitério beneditino situado no local da igreja Matriz, perto do Morro do Castelo.

A região foi palco de variados conflitos e importância por alturas da Idade Média, com diversas povoações amuralhadas na área do concelho, como Longroiva e Marialva. Na reconquista cristã das Terras de Mêda, protagonizada por Fernando Magno em 1063, foram preciosos auxiliares os castelos do concelho de Mêda. Os pelourinhos e forais velhos e quinhentistas simbolizam a autonomia municipal e testemunham as alterações administrativas, o rei D. Manuel I outorgou o foral à vila de Mêda em 1519. O concelho na sua atual configuração tem cerca de 154 anos, foi reconstruído após a reforma do liberalismo. A criação do município é, assim, anterior ao séc. XVI.

 

Um Concelho com património histórico-cultural

A riqueza do património histórico do concelho tornou-se a forte aposta do turismo, sendo esta uma atividade económica de relevância crescente. Por terras de Mêda encontram-se castelos e ruínas, casas brasonadas, pelourinhos, fragas e fontes com história, sendo que Marialva é o epicentro da distinção do concelho, uma vez que é uma das Aldeias Históricas. Marialva é uma povoação muito antiga que conserva vestígios romanos, cujo castelo foi reedificado por D. Sancho I, possivelmente sobre as ruínas de um castro romanizado. Ao entrar em Marialva, fica-nos a sensação que entramos num cenário histórico, as ruas, ladeadas por edifícios resistentes ao tempo, conduzem-nos à cidadela cercada pelas muralhada em cujas ruínas perdemos a noção do tempo.

Longroiva, antiga cidade lusitana, foi um lugar ermo nos inícios do século XII e terá sido repovoado pelo Conde D. Henrique. O castelo de Longroiva é uma fortificação medieval que está em ruínas. Pertenceu aos Templários, tendo sido reedificado em 1176 por Gualdim Paes, conforme se pode ler numa inscrição latina na Torre de Menagem. O que resta do castelo medieval de Longroiva, está constituído como Monumento Nacional e constitui uma das mais importantes realizações de arquitetura militar templária da Beira Interior e, simultaneamente, um dos melhores testemunhos de castelo românico nesta zona.

Recentemente, as campanhas arqueológicas no sítio do Vale do Mouro (Coriscada) revelaram um povoamento neolítico com sete mil anos e permitiram descobrir uma aldeia romana que os arqueólogos acreditam ser uma verdadeira “revolução” no estudo do país rural da época. Quando se pensava que o local teria tido apenas duas ocupações, nos séculos III e IV depois de Cristo, as escavações revelaram novos achados do período neolítico, com a presença de materiais em sílica e lascas de quartzo, e algumas moedas do século I antes de Cristo. As escavações permitiram, até então, a descoberta de balneários romanos, um pátio ladrilhado com elementos figurativos, pontas de lança, pesos, cerâmica, moedas e outros. As descobertas do Vale do Mouro vão, decerto, marcar um tempo, pós Vale do Côa.

Paisagens de tranquilidade

Em termos paisagísticos distinguem-se os panoramas que se podem contemplar dos miradouros de Santa Bárbara, na Coriscada, e de Paipenela, do Castelo de Marialva, da Barragem de Ranhados e da Torre do Relógio de Mêda. Ficará decerto gravada na memória a imagem das amendoeiras em flor de Longroiva e Fontelonga, nos meses de Fevereiro e Março. A Natureza em estado puro que envolve o concelho de Mêda, confere-lhe desde sempre uma áurea de magnificência que encantou gerações de povos e credos. Por estas paragens, entre montes de granito e vegetação espontânea, resplandecem três magníficos castelos, o de Ranhados, o de Longroiva e o de Marialva, este último com quatro torres. Testemunhos incontornáveis da importância histórica destas terras nas lutas e batalhas da Idade Média.

O que temos…

O seu valiosíssimo património não se forma apenas de imponentes pelourinhos ou fortificações castrenses, a herança cultural das hospitaleiras gentes do concelho, engloba as seculares artes de trabalhar o vime, a lã, o linho, o barro ou o metal, ofícios e saberes intemporais a que se juntam as receitas de milhos, papas doces e filhós do joelho da sua rica e deliciosa doçaria regional. As romarias são também um marco da tradição das gentes de Mêda.

O concelho é famoso pelo seu vinho de mesa e por abranger algumas freguesias como Longroiva, Fontelonga, Poço do Canto e Meda, situadas nas terras de benefício, ou área do Vinho do Porto, que aqui tem a designação de Vinho Fino ou Vinho Tratado. A atividade agrícola mais importante deste Concelho é a vinicultura que se traduz no número de produtores e engarrafadores de vinhos e no desenvolvimento da sua atividade comercial, tanto de particulares como da própria Adega Cooperativa de Meda.

Para além do vinho, que se fabrica na Adega Cooperativa e em diversos produtores particulares, a Mêda tem na produção da amêndoa uma importante riqueza juntamente com a exploração da castanha, na zona fria do concelho, precisamente na zona granítica. O concelho apresenta também uma área razoável de olival, que sustenta diversos lagares de azeite.

O turismo, nas formas de Turismo em Espaço Rural, teve de algum tempo para cá um significativo desenvolvimento, sobretudo pelo facto de Marialva ser uma das 12 Aldeias Históricas de Portugal. Por tal via, os centros históricos da Meda, Longroiva, Ranhados, Casteição e Marialva e o sítio arqueológico de Vale de Mouros, na Coriscada, são uma riqueza patrimonial do Concelho cuja vertente económica se adivinha promissora.

A caça à lebre e à perdiz, entre outas espécies cinegéticas, a pesca na Barragem de Ranhados e as vindimas são razões acrescidas para uma visita a terras de Mêda, com uma grande parte do concelho a estar integrado na Região Demarcada do Douro.

Longroiva, espaço de saúde e bem-estar

Existem outros atrativos no concelho que merecem a sua visita, entre eles as Termas de Longroiva. As Termas de Longroiva são das mais antigas do país, conhecidas desde os romanos. Localizadas na freguesia de Longroiva, numa zona de transição entre as regiões naturais do planalto beirão e do alto Douro, são uma tranquila e aprazível estância termal de reconhecidas qualidades terapêuticas, proporcionando saúde e bem-estar. As águas sulfurosas que servem o atual balneário termal, datado do século XIX, há muito que estão ligadas a cultos religiosos, nomeadamente ao da Senhora do Torrão, padroeira da freguesia. Durante a Idade Média, as termas pertenceram à Ordem dos Templários e à Ordem de Cristo e conta-se que a rainha D. Isabel se terá banhado nestas águas antes do seu casamento com o rei D. Dinis em Trancoso. São uma tranquila e aprazível estância de reconhecidas qualidades terapêuticas, proporcionando saúde e bem-estar. Localizadas na freguesia de Longroiva, numa zona de transição entre as regiões naturais do planalto beirão e do alto Douro. As Termas de Longroiva constituem um ótimo lugar para recuperar forças entre uma paisagem bela e variada, em especial a partir de Fevereiro, altura em que começam a florir as amendoeiras. Nas virtudes terapêuticas das suas águas minerais naturais, Longroiva oferece o melhor à saúde, um bem que se conserva e se recupera cuidadosamente, sempre segundo fórmulas rigorosamente personalizadas. A água, a natureza e o repouso são ingredientes de excelência para a saúde, lazer, conforto e bem-estar desta pequena estância termal, que começa a aflorar. Tem como principais indicações terapêuticas afeções reumáticas e músculo-esquelético, e doenças do aparelho respiratório. A época termal inicia-se em Maio e termina em Novembro.