A CIMBSE lança o Alerta Velutina, um Plano de Vigilância e Controlo da Vespa velutina no território das Beiras e Serra da Estrela. Assim, em articulação com os 15 municípios que compõem esta Comunidade Intermunicipal, são criados meios de divulgação e prevenção para toda a população, e meios de combate e controlo destinados aos municípios.

O que é a Vespa Velutina?

A Vespa velutina nigrithorax, conhecida por vespa velutina ou vespa asiática, foi introduzida na Europa através de um transporte de mercadorias provenientes da China, desembarcado no porto de Bordéus (França) em 2004. A Portugal terá chegado em 2011. Trata-se de uma espécie invasora, predadora da abelha europeia e uma ameaça.

Como se diferencia das outras?

A vespa velutina caracteriza-se pelo seu tamanho (17 a 35mm), maior que a vespa europeia. É predominantemente preta, com ampla faixa laranja no abdómen e uma faixa amarela no primeiro segmento. De frente, apresenta cabeça mais alaranjada. As asas são escuras e as patas são amarelas nas extremidades. O tempo de vida média das obreiras é variável em função das temperaturas, e situa-se entre os 30 e os 55 dias. A fundadora dura cerca de um ano.

Outras vespas

Outras vespas, como a vespa europeia, são mais pequenas e não representam risco para o nosso ecossistema. No caso da vespa europeia, uma das mais comuns e observáveis, tem o abdómen predominantemente amarelo pálido, com faixas pretas.

Vespa Europeia (Vespa Cabro)
Vespa Oriental (Vespa Orientalis)
Vespa Germânica (Vespula Germanica)

Porque é perigosa?

Apicultura

As abelhas são o seu alimento preferido, o que resulta em perdas elevadas de colmeias e na diminuição da produção de mel. Quando a vespa asiática encontra um apiário, posiciona-se acima da colmeia, pairando em voo estacionário, e apanha as abelhas quando retornam à colmeia. Depois de capturar a abelha, a vespa voa para o ramo mais próximo, onde corta a sua presa, ficando apenas com o tórax, que contém os nutrientes necessários para alimentar as larvas. Isto acontece durante o verão e atinge seu máximo em outubro e novembro, quando as vespas estão a alimentar a sua criação nos ninhos. Perante a presença da vespa, as abelhas reduzem a sua atividade. Como consequências, existe uma menor produção de mel e polinização vegetal.

Seres humanos

Como qualquer espécie de vespa, ataca quando se sente ameaçada, mas pela sua agressividade, e perante uma ameaça ou vibração a 5 metros do ninho, pode atacar em grupo, chegando a percorrer 500 metros em perseguição. A picada é dolorosa, mas não é mais perigosa do que o da vespa europeia autóctone (vespa crabro) ou da abelha.

Produção agrícola e frutícola

A vespa velutina também se alimenta de frutas com hidratos de carbono em determinados momentos do seu ciclo biológico, uma vez que precisa deles enquanto energia para se manter ativa. Há relatos de estragos em diversos pomares.

Ambiente

Ao alimentar-se de abelhas, vespas e outros insetos, a vespa velutina pode causar impactos na polinização vegetal e na biodiversidade.

O que fazer quando detetada?

Sempre avistar um ninho, deverá ligar para o Serviço Municipal de Proteção Civil correspondente à localização ou proceder ao registo na plataforma STOP VESPA http://stopvespa.icnf.pt/. Pode também ligar para a linha SOS AMBIENTE (GNR) – 808 200 520. Ao efetuar este registo, está a contribuir para o sucesso da identificação, vigilância e atuação por parte das autoridades competentes, em todo o território nacional.

271 571 125  | Gabinete de Proteção Civil do Municipio de Almeida

275 910 010 | Contacto geral do Município de Belmonte

275 910 090 | Bombeiros Voluntários de Belmonte

271 747 400 | Contacto geral do Municipio de Celorico da Beira

926 354 768 | Gabinete de Proteção Civil do Município da Covilhã

271 311 052 | Gabinete de Proteção Civil do Município de Figueira de Castelo Rodrigo
965 571 811 | Gabinete de Proteção Civil do Município de Figueira de Castelo Rodrigo

800 210 096 | Número verde do Municipio de Fornos de Algodres

275 779 060 | Contacto geral do Município do Fundão

238 490 210 | Contacto geral do Município de Gouveia

271 220 220 | Contacto geral do Município da Guarda

275 980 000 | Contacto geral do Município de Manteigas

279 883 215 | Serviço Municipal de Proteção Civil do Município de Mêda

961 016 961 | Gabinete de Apoio ao Agricultor do Município de Pinhel

926 889 134 | Gabinete de Proteção Civil do Municipio do Sabugal
271 751 040 | Contacto geral do Município da Guarda

238 313 035 | Linha de apoio à Proteção Civil do Município de Seia

927 994 740 | Gabinete de Proteção Civil do Município de Trancoso

O que não fazer quando detetada?

Se detetar um ninho, não tente destruí-lo nem queimá-lo, pois além do risco de ser picado, ainda dispersa as vespas, que irá construir novos ninhos.

Qual o ciclo de vida da vespa velutina?

Fevereiro/março

Em temperaturas superiores a 13º, as fundadoras começam a sair da hibernação. Procuram alimento, essencialmente hidratos de carbono, que recolhem dos nectários de flores melíferas, como camélias, eucaliptos e outras. São atraídas pelo cheiro do mel das colmeias em atividade e poderá ser perto delas que iniciam a construção do ninho primário ou embrionário. Este ninho é feito com celulose recolhida de plantas, depois de amassada com água. Começa pelo tamanho de uma bola de golfe e alcança 8-10cm e tem entrada pelo fundo. Ali, a fundadora deposita os ovos de onde nascerão 20-30 vespas. Na defesa e disputa do seu ninho primário entre fundadora, (é uma espécie territorial), a maior parte das fundadoras acaba por morrer.

Março a junho

As primeiras obreiras são pequenas, devido a subnutrição. Nesta fase, abandonam o ninho primário e constroem o ninho secundário, uma estrutura celulósica em formato redondo ou de pêra, que chega a ter até 1 m de altura por 50-80 cm de largura. A entrada/saída de vespas é feita por um orifício lateral. O ninho é normalmente colocado no cimo de árvores, em altura superior a 5 metros, mas também se encontram em armazéns desocupados, alpendres, beiradas de telhados, paredes, ou mesmo no subsolo, sempre em locais que permitam às obreiras uma construção rápida.

Junho a outubro

Crescimento da colónia de vespas. O ninho ode albergar cerca de 2.000 vespas e criar, em todo o ciclo anual, cerca de 20.000 vespas obreiras e centenas de fundadoras. A partir do verão, e com pico máximo em outubro e novembro, decorrem ataques mais frequentes a apiários, para alimentar as vespas jovens. Também escolhem zonas com flores melíferas, onde se encontram abelhas e outros insetos polinizadores.

Setembro/outubro

Fecundação das futuras vespas fundadoras, sendo que cada ninho pode gerar algumas centenas. Este comportamento de ataque apenas termina quando as futuras fundadoras estão criadas.

Outubro/Novembro

Após nascidas as futuras fundadoras, dá-se a redução da postura por parte da fundadora e a sua morte, morrendo também todas as obreiras. O ninho definitivo fica vazio. inicia-se a hibernação das futuras fundadoras no solo ou em zona abrigada até novo ciclo.

Armadilhas e Iscos

As armadilhas são de fácil construção. Devem ser colocadas em zonas onde foram detetadas vespas e, uma vez que é suposto atraírem as vespas, devem ser penduradas em locais afastados da passagem e presença humana. Devem também ser colocadas perto dos apiários e entre 200-500 metros dos ninhos de vespa localizados no ano anterior. No interior, deve ser colocada quantidade suficiente de líquido para que as vespas molhem as asas e não consigam sair.

Construção:

1 garrafa por armadilha. Dois gargalos de garrafas ou tubos para entrada das vespas, que podem ser pintados de amarelo, cor que atrai as vespas.

Fevereiro a abril

Isco com substâncias açucaradas

Monitorização e substituição semanal de isco

Partes iguais de vinho branco, cerveja preta e groselha

Maio a setembro

Isco rico em proteína

Monitorização e substituição diária de isco

3 litros de água, 1,5 kg de açúcar e 60g de fermento padeiro ou carne, peixe, bacalhau, fígado de porco, atum e patê de fígado

Exemplo de armadilha

Outros iscos

Coca cola com ¼ de salsicha, água de derreter cera, peixe ou fígado moído, vespas fundadoras recém-capturadas ou conservadas por congelação.

FAQ’S

A Vespa velutina nigrithorax, conhecida por vespa velutina ou vespa asiática, foi introduzida na Europa através de um transporte de mercadorias provenientes da China, desembarcado no porto de Bordéus (França) em 2004. A Portugal terá chegado em 2011. Trata-se de uma espécie invasora, predadora da abelha europeia e uma ameaça.

É uma espécie invasora e predadora de abelhas e de outros insetos polinizadores. Existem ainda alguns relatos de efeitos na produção frutícola, uma vez que se alimenta dos hidratos das frutas (pomares e vinhas). A vespa asiática é ainda um perigo para a segurança das populações e para a saúde pública devido à sua elevada agressividade, sobretudo nas zonas com ninhos. As obreiras defendem o ninho quando as pessoas se aproximam a menos de 5 metros. Podem ainda percorrer 500 metros em perseguição, e em grupo, quando os ninhos são atacados.

A vespa velutina é facilmente diferenciada das demais vespas autóctones na Europa, que são mais pequenas. A exceção vai para a vespa crabro, que pode ter dimensões bastante aproximadas e comportamentos idênticos, nomeadamente a predação de insetos, de onde se destacam as abelhas da espécie Apis mellifera.

Mantenha-se calmo e movimente-se devagar se vir as vespas. Não agite os braços, nem as enxote. Nas épocas de maior atividade das vespas (nascer e pôr-do-sol), cubra a pele exposta e calce sapatos fechados. Aplique repelente de insetos. Tenha cuidado quando estiver perto de flores, lixos, águas estagnadas ou em zonas exteriores onde haja restos de alimentos. Nunca perturbe os ninhos. Evite acampar perto de zonas com água parada, como lagos e pântanos. Mantenha os alimentos e bebidas tapadas enquanto estiver a consumi-los ao ar livre. Mantenha as portas e janelas da casa e do carro fechadas, sobretudo no final do dia, ou coloque uma rede mosquiteira para prevenir a entrada de insetos.

Sintomas Ligeiros:

A picada da vespa velutina é dolorosa, mas o tratamento é idêntico ao da vespa comum e, na maior parte dos casos, é tratada em casa. Se existir algum ferrão, é necessário removê-lo. Lave o local com água fria. Em caso de dor persistente, tome um analgésico, como paracetamol ou ibuprofeno, seguindo as indicações de dosagem referidas no folheto. Em caso de comichão, aplique gelo ou uma pomada.

Reações Alérgicas Graves:

Os sintomas surgem alguns minutos após a picada e têm vários graus de gravidade:

  • Reação cutânea – urticária e angiodema, inchaço nas camadas mais profundas da pele; Sintomas digestivos – náuseas, vómitos, diarreia, dor abdominal;
  • Respiratórios – pieira, estridor, falta de ar;
  • Cardiovasculares – taquicardia, tonturas, confusão, sensação de desmaio;
  • Choque anafilático com paragem cardiorrespiratória.

Em caso de presença de sintomas alérgicos mais graves, deve dirigir-se a um serviço de urgência ou contactar de imediato o número 112.

Deverá ligar para o Serviço Municipal de Proteção Civil correspondente à localização ou proceder ao registo na plataforma STOP VESPA http://stopvespa.icnf.pt/. Pode também ligar para a linha SOS AMBIENTE (GNR) – 808 200 520. Ao efetuar este registo, está a contribuir para o sucesso da identificação, vigilância e atuação por parte das autoridades competentes, em todo o território nacional.

Em articulação com os serviços de Proteção Civil dos 15 concelhos da CIMBSE, estão disponíveis dois métodos de desativação dos ninhos. O mais utilizado consiste em elevar ao ninho uma cana extensível em fibra de carbono e uma agulha, injetando no ninho uma solução composta por uma feromona de agregação, (de forma a entrar no seu sistema alimentar), de inseticida e de biocida. As vespas são eliminadas. O ninho permanece no local e começa a desfazer-se ao fim de cerca de 7 dias. O método menos utilizado é a incineração do ninho, em condições de segurança do restante meio, com a presença dos bombeiros locais, e no período noturno, quando as vespas se encontram no interior e estão menos ativas. Antes da intervenção, durante o dia, deve ser feita a inspeção e limpeza do terreno, para assegurar melhores condições de acesso, bem como estudar a melhor técnica. Caso o ninho se encontre em propriedade privada, a intervenção é feita sempre em acordo com o proprietário. A localização deve ser georreferenciada e a informação enviada às câmaras municipais, conforme preconizado no plano em vigor.

A destruição dos ninhos é a principal forma de combate à expansão da vespa, pois causa a rutura no ciclo reprodutivo, impedindo a criação de novas vespas que potencialmente iriam criar novos ninhos no ano seguinte. A destruição dos ninhos limita a incidência local da vespa velutina e trava a velocidade da sua progressão em cerca de 50%, passando de um avanço no território de 80Km/ ano para 40km/ano. É também uma forma de reduzir os riscos para a segurança das pessoas.

A captura das fundadoras decorre sobretudo entre março e maio, através da desativação do ninho embrionário ou de armadilhas com iscos doces. A destruição dos ninhos acontece entre julho e dezembro. No entanto, se algum ninho for detetado como novo em determinada área, ou como ativo fora deste período, também deve ser intervencionado. A destruição dos ninhos deve ser feita de noite, quando fundadora e obreiras se encontram no interior. É importante monitorizar o ninho e avaliar a presença de vespas num período de 24 horas após a sua desativação.

Destruir a colónia significa matar a fundadora ou fundadoras existentes no ninho, bem como todos os machos e obreiras. Durante a noite, todos os indivíduos estão no ninho, pelo que a destruição da colónia neste período é mais eficaz. Destruir o ninho durante o dia ou sem planeamento e material adequados, pode significar que a colónia se disperse e vá construir um ninho secundário.

Porque colocar uma armadilha aleatoriamente pode ter como consequência interferir na biodiversidade e na morte de outras espécies de insetos. Por isso, só devem ser colocadas em zonas onde as vespas foram detetadas. Excetuam-se situações sob a responsabilidade e controlo de entidades autorizadas e competentes, como seja a captura para fins científicos.

Enquanto agentes que poderão ter maior contacto com a vespa velutina e enquanto grandes prejudicadas com a predação às abelhas, devem estar atentos e vigilantes, informar as autoridades e exigir a destruição rápida do ninho e a sua retirada do local. Nunca devem utilizar, por sua conta, inseticidas não autorizados para matar as vespas, e que até podem ser prejudiciais às suas colmeias. A listagem dos produtos TP19 autorizados para Portugal pode ser consultada em https://www.dgs.pt/paginas-de-sistema/saude-de-a-a-z/biocidas.aspx. Existe ainda uma rede de permanente vigilância que inclui alguns apicultores referenciados e colaborantes, com os designados “apiário sentinela”.

Existem vários formatos de armadilhas. As artesanais consistem numa garrafa ou garrafão de plástico, com um ou dois orifícios onde se aplicam gargalos de outras garrafas. A garrafa principal é então presa por um cordel ou arame. Os gargalos de entrada das vespas podem ser pintados de amarelo e o interior do gargalo, esfregado mel, duas técnicas para atrair as vespas. No interior fica o isco líquido ou mistura de líquido e sólido em quantidade suficiente para que a vespa molhe as asas e não consiga voar.

A colocação das armadilhas nos apiários é eficaz, tanto no decurso da construção do ninho primário, para captura das fundadoras, como até à atividade regular do ninho definitivo, entre julho e novembro, para captura do máximo de obreiras.

Deve ser colocada uma armadilha por cada 5 a 10 colmeias, entre março e final de maio, para captura das fundadoras, com isco doce / à base de hidratos. A colocação de uma armadilha junto de ninhos primários, durante alguns dias e a alguns metros de distância, captura seletivamente algumas fundadoras. As armadilhas alimentares com iscos atrativos líquidos e sólidos devem ser instaladas a cerca de 1,5 metros de altura, de preferência à sombra, atrás e ao lado das colmeias, evitando as trajetórias de voo das abelhas. As harpas elétricas devem ser instaladas e mantidas de acordo com o respetivo manual de instruções.

Uma armadilha que capture uma vespa fica “sinalizada com feromona”, atraindo outras vespas com essas feromonas. O interior da entrada da armadilha pode ainda ser esfregada com mel, para potenciar a atração das vespas. Entre fevereiro a abril, deve usar-se um isco com substâncias açucaradas, de forma a capturar a vespa fundadora. Exemplo: Partes iguais de vinho branco, cerveja preta e groselha, mas também pode levar açúcar, mel. Entre maio e setembro, o objetivo é capturar o máximo de obreiras e machos, colocando um isco rico em proteína. Exemplo: 3 litros de água, 1,5 kg de açúcar e 60g de fermento padeiro ou carne, peixe, bacalhau, fígado de porco, atum e patê de fígado. Outros iscos: coca cola com ¼ de salsicha, água de derreter cera, peixe ou fígado moído, vespas fundadoras recém-capturadas ou conservadas por congelação. É sempre preferível um isco com base natural e biodegradável, e não químico.

A recolha de vespas asiáticas capturadas deve ser semanal ou quinzenal, mudando-se o isco atrativo quando necessário, sendo que no período de tempo quente (julho, agosto e setembro) a substituição do isco deverá ser quinzenal, e no restante tempo, mensal.